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Apontado como assassino da vereadora carioca Marielle Franco, o ex-policial militar Ronnie Lessa revelou que os supostos mandantes do crime ofereceram um negócio, na cidade do Rio de Janeiro, que renderia mais de US$ 20 milhões — valor superior a R$ 100 milhões, na cotação desta segunda-feira (27) — para ele e outro antigo agente de segurança em troca do homicídio. A declaração foi revelada em deleção premiada, e exibida pelo Fantástico, da TV Globo, nesse domingo (26).
Na ocasião, Ronnie Lessa detalhou que ficou impactado pela proposta dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. Eles teriam ofertado a ele e ao comparsa, o também ex-PM Edimilson de Oliveira, o Macalé — morto em 2021 —, dois loteamentos clandestinos na zona oeste carioca para a instalação de uma nova milícia.
“Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de 20 milhões de dólares. A gente não está falando de pouco dinheiro […] Ninguém recebe uma proposta de receber 10 milhões de dólares simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa impactante realmente.”
Ronnie Lessa
Ex-policial militar
Em delação premiada, o antigo policial militar não disse quando o empreendimento teria início, mas revelou que seria um dos donos e explicou como deveria ser o funcionamento do esquema.
“A gente ia criar uma milícia nova. Então ali teria a exploração de gatonet, a exploração de kombis, venda de gás… A questão valiosa é depois. A manutenção da milícia que vai trazer voto”.
Às autoridades, Ronnie Lessa confessou ter matado Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Pedro Gomes, em março de 2018. Ele também contou que faria parte de uma “sociedade” com os irmãos Brazão. “Não fui contratado para matar Marielle, como um assassino de aluguel. Fui chamado para uma sociedade”. Segundo ele, os planos de implantação da nova milícia se dariam no loteamento oferecido em Jacarepaguá, zona oeste da cidade do Rio.
O antigo agente de segurança disse que a vereadora era considerada “uma pedra no caminho” para concretização do novo negócio. “Ela teria convocado algumas reuniões com várias lideranças comunitárias, se eu não me engano, no bairro de Vargem Grande ou Vargem Pequena [zona oeste carioca], justamente para falar sobre esse assunto, para que não houvesse adesão a novos loteamentos da milícia. Isso foi o que o Domingos [Brazão] passou para a gente. Que a Marielle vai atrapalhar e para isso ela tem que sair do caminho.”
Ronnie Lessa está preso desde março de 2019. Neste ano, ele firmou um acordo de delação premiada. A arma usada no duplo homicídio nunca foi encontrada pelas autoridades.